Archive for the ‘filosofia’ Category

15 – A Resposta Católica: “Orientação a um homossexual”

14 de maio de 2011

Wes Bentley – Enfrentando seus dragões

10 de abril de 2011

Siempre hay una razón para vivir

20 de março de 2011

PARA COMEÇAR 2011 COM “FORÇA E HONRA”

1 de janeiro de 2011

FELICIDADE NÃO SE COMPRA

15 de setembro de 2010

A Folha on line publicou reportagem comentando pesquisa da revista científica “PNAS” sobre os principais fatores de felicidade e de infelicidade na vida das pessoas. Foram feitas entrevistas com mais de 450 mil americanos.

Descobriu-se, por exemplo, que gente solitária se sente muito infeliz até em comparação com quem sofre de um problema crônico de saúde. Ter filhos, por outro lado, traz felicidade. No que tange a renda, para ser feliz, o importante não é ser rico, mas sim não ser pobre.

O fator campeão de bem-estar, porém, é ser uma pessoa religiosa.

Mas o interessante desta pesquisa é que ela coincide com o pensamento filosófico realista. Neste sentido, O filósofo Ricardo Yepes Stork comenta o seguinte: “A vida boa era para os clássicos  a que contém e possui os bens mais apreciados: a família e os filhos no lar, uma quantia moderada de riquezas, os bons amigos, boa sorte ou fortuna que afaste de nós a desgraça, a fama, a honra, a boa saúde, e, sobretudo, uma vida nutrida na contemplação da verdade e na prática da virtude”. (cfr. Fudamentos de Antropologia. Ed. Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”).

Outro dado que salta aos olhos é a fé como o único fator que vence o dinheiro na busca pela felicidade. Mas por quê? A meu ver, exatamente por que a fé, se coerente e vitalizada,  proporciona sobretudo, uma vida nutrida na contemplação da verdade e na prática da virtude, afora a nossa necessidade de eternidade. Conforme ensina o mesmo Yepes “O homem deseja deixar o tempo para trás e ir mais adiante dele, para uma região onde o amor e a felicidade não se trunquem, onde fiquem a salvo de qualquer eventualidade e se façam definitivos. Por outro lado, o destinar-se à pessoa amada nos faz ver que uma pessoa humana não é suficiente para cumular as capacidades potencialmente infinitas do homem.(…) Deus é a suprema felicidade do homem, pois é n’Ele onde se cumula plenamente o desejo que marca a vida de todos os homens. Deus é o amigo que nunca falha. (…) Só com Deus o destino do homem com o tu está garantido, porque qualquer outro tu é falível, inseguro e mortal”.

Vemos assim que. para sermos felizes, não é necessária uma vida cômoda nas riquezas, mas um coração enamorado (S. Josemaría Escriva, Sulco, n. 795).

Educar na humildade: uma tarefa urgente!

7 de setembro de 2010

João Malheiro, doutor em Educação pela UFRJ,
e-mail: malheiro.com@gmail.com BLOG: escoladesagres.org

No ano passado, um pesquisador em educação, Ives de La Taille, apresentou na obra Crise de Valores ou Valores em Crise, uma pesquisa realizada recentemente com 448 alunos do ensino médio (com idades entre 15 e 18 anos), sendo 211 da escola pública e 237 de colégios particulares, na qual indagava a esses jovens quais seriam as virtudes mais importantes na seguinte lista de dez: justiça, gratidão, fidelidade, generosidade, tolerância, honra, coragem, polidez, prudência e humildade. Sem querer aprofundar nas conclusões da pesquisa, chamou-me a atenção que a mais valorizada tivesse sido a humildade. O próprio La Taille se surpreendeu com o fato de que essa virtude fosse apontada tanto pelos meninos quanto pelas meninas, fossem eles da escola privada ou da pública.

Uma das explicações que o autor dá para o resultado é que “vivemos uma cultura que pode ser chamada de cultura da vaidade”. Esclarecendo esse conceito, o educador afirma que muitos jovens hoje “vivem apenas motivados para dar um constante espetáculo de si, destacarem-se por sinais que conferem prestígio, associarem a si próprios marcas que testemunham ser um vencedor (roupas, carros, celulares), falarem de si em blogs, nos celulares, computadores…”. Glosando o autor, diria ainda que os jovens andam atrás de “espelhos” que são as pupilas das pessoas que estão à sua volta, e às quais perguntam: “Gostou da figura que fiz?”, “Pareceu-lhes interessante o meu ponto de vista?”, “Que acharam da minha prova, do meu trabalho, da minha publicação, da minha roupa provocativa…?”. Portanto, voltando-nos para o resultado da pesquisa, concluímos que a maioria dos jovens pesquisados parecem estar fartos deste modelo juvenil e de tanta mentira. Intuem que a sedução narcisista que reina hoje na nossa cultura parece ser a causa de muitas mazelas sociais. No fundo, essas respostas podem estar representando alguns gritos silenciosos aos educadores que dizem mais ou menos assim: “Por favor, ajudem-nos antes a ser do que a ter!”. “Não aguentamos mais ver gente representando o que não é!”. “Ensinem-nos a descobrir a Verdade!”. “Quero de verdade ser feliz e não fingir que sou feliz!”.

Há muito tempo que esta disjuntiva Ser ou Ter está presente nas discussões filosóficas. O que chama a atenção é perceber que estas reinvidicações pelo ser estejam nascendo mais cedo, naqueles que sempre exigiram liberdade, prazer, dinheiro, consumo, diversão, ter… Afinal, o que está acontecendo?

Sou da opinião de que estes movimentos podem já estar refletindo, em parte, as consequências negativas da pedagogia moderna das últimas décadas. Segundo estas teorias, chamadas construtivistas, a criança deveria se desenvolver por si mesma, sem imposições de ninguém. Os responsáveis pela educação deveriam apenas dar um suporte para o seu autodesenvolvimento, sem, no entanto, se envolver no processo. Estas teorias psicodinâmicas, muitas delas inspiradas no pensamento freudiano, acreditavam que a criança tinha um “eu” completo em si mesmo e que bastaria deixar o tempo passar para ela se desenvolver adequadamente.

Fica fácil perceber o que produziu esta mentira ao longo das últimas décadas. Na medida em que os pais foram adotando a chamada educação antiautoritária, que é a renúncia para educar os filhos, tanto os pais quanto os filhos foram desenvolvendo níveis crescentes de soberba de geração em geração. Efetivamente, quem convive com pais e crianças em escolas particulares e públicas tem percebido ano a ano atitudes de arrogância e de autosuficiência que não existiam antigamente. Mas por que isto tem crescido?

Quem trabalha com educação e conhece a chamada “caixa preta” da criança (fazendo um paralelismo com os aviões) sabe que qualquer criança é extremamente egocêntrica nos primeiros anos da existência. Todo o bom processo educacional consiste em mostrar-lhe que além de existirem outras pessoas no mundo ela própria existe para os outros. Sua realização e felicidade dependerão da adequação de seus desejos e projetos para os outros. Que, sozinha, ela nunca saberá nada, poderá nada, conseguirá nada nem será nada. Que só conseguirá ser ela mesma a partir do outro. Que o eu deve se converter em si mesmo apenas mediante um tu e um vós.  Por isso, desde que nasce terá que saber descobrir a linguagem do prazer, dos limites, do amor, do sofrimento. Esta é a verdade da educação. Por outro lado, se deixamos a criança crescer sem a exigência da boa autoridade, dificilmente ela descobrirá como deve funcionar um ser humano e aos poucos seu orgulho irá enganando-a acreditando que sabe tudo, pode tudo, conseguirá tudo e que ela é tudo, principalmente se obtiver dinheiro e poder. Esta é a grande mentira da educação. Motivando-a somente a produzir riqueza, acaba-se gerando uma das maiores e mais profundas pobrezas humanas que é a solidão. Vistas bem as coisas, as outras pobrezas, incluindo a material, nascem sempre do isolamento, de não ser amado ou da dificuldade de amar, fruto do orgulho de muitas pessoas.

Terminemos concluindo que uma das tarefas primordiais da educação é desmascarar os perigos da soberba. Da ilusão do orgulho. Da escravidão de um eu que se fecha em si mesmo, como numa bolha. E que o caminho da felicidade está na humildade, que, longe de ser uma postura depreciativa, é apenas a conscientização da Verdade da condição humana, que exige abrir-se para os demais e para o transcendente, pois experimenta que só nas relações interpessoais poderá salvar-se de tantas depressões e tristezas de um eu doentio.

Mamãe, obrigado pelas palmadas!

28 de julho de 2010

Recente pesquisa do Datafolha revelou que a maioria dos brasileiros já apanhou dos pais, já bateu nos filhos e é contra o projeto de lei do governo federal que proíbe palmada, beliscões e castigos físicos em crianças. Na pesquisa, disseram ser contra 54% dos 10.905 entrevistados. Outros 36% revelaram ser favoráveis à proposta do presidente Lula. A notícia é do jornal Folha de S. Paulo.

Esta é a segunda tentativa do governo em emplacar a referida lei. Este projeto é um embrião do Projeto de Lei 2.654/2003, da deputada Maria do Rosário (PT-RS), coordenadora da Frente Parlamentar dos Direitos Humanos, que também proíbe qualquer tipo de agressão física contra a criança e o adolescente.

Mas a questão de fundo é saber até que ponto pode intervir o Estado no direito que os pais têm de educar os seus filhos.

A dr. Maria Berenice, advogada e ex-desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul em entrevista ao Conjur comenta que “os filhos não são propriedades dos pais. Eles são cidadãos e por isso pertencem ao estado, dessa forma é perfeitamente cabível a interferência dele na educação da criança”, ressalta.

Ora, esta parece ser a idéia do governo, o que muito me preocupa, pois também esta é a visão de regimes totalitários.

William L. Shirer, no livro Ascensão e Queda do Terceiro Reich, tece comentários sobre a educação durante o regime nazista. Hitler certa ocasião disse, quando um adversário não queria se “converter” para o nazismo: “digo, calmamente, vossos filhos já nos pertencem”. Em 1 de maio de 1937 declarou: “O novo Reich não entregará sua juventude para ninguém, mas tomá-la-á e lhe dará sua própria educação e criação”. As escolas alemãs foram rapidamente nazificadas, os manuais foram reelaborados precipitadamente, os currículos modificados. Minha luta convertido – nas palavras do Der Deutche Erzieher, órgão oficial dos educadores – em “nossa infalível estrela polar pedagógica”. E os professores que não conseguissem ver a nova luz eram postos na rua. Aos 10 anos, todo jovem alemão tinha que fazer o seguinte juramento: “Diante desta bandeira de sangue, que representa nosso Führer, juro devotar todas as minhas energias e forças ao salvador de nossa pátria, Adolf Hitler. Estou disposto e pronto a dar minha vida por ele, com a ajuda de Deus”.

Vejo, assim, como muito preocupante esta e outras propostas do governo, tais como o PNDH – 3 –  onde se previu, dentre outras ameaças ao estado democrático,  a censura a imprensa –  e que devem ser prontamente rechaçadas pela sociedade, eis refletem os primeiros passos para um projeto de estado intervencionista e autoritário.

NIETZSCHE E O NAZISMO

12 de julho de 2010

Nas férias, um dos meus entretenimentos prediletos tem sido a leitura do Ascensão e Queda do Terceiro Reich, de William  L. Shirer, jornalista e testemunha ocular dos antecedentes e da própria Segunda Guerra Mundial. O capítulo que mais me  chamou a atenção até agora é o relativo as raízes intelectuais do Terceiro Reich, especialmente sobre a influência do pensamento do tão festejado Nietzsche.

Os escritores nazistas jamais se cansavam de louvá-lo. Hitler visitava com freqüência o museu de Nietzsche, em Weimar, e fazia pública a sua admiração pelo filósofo, posando para os fotógrafos em atitude de êxtase diante do busto do grande homem.

Qualquer nazista poderia citá-lo na exposição de quase todos os temas imagináveis. Do cristianismo, por exemplo, Nietzsche dizia ser uma “terrível maldição, desmedida e profunda perversão”. E exaltava o super-homem, animal de rapina, “o magnífico bruto alourado, agressivamente sequioso de saque e vitória”. Em Assim falava Zaratustra bradava o filósofo: “Não vos aconselho a paz, mas a vitória. (…)Dizeis que a boa causa justifica até mesmo a guerra? Eu vos digo: a boa guerra é que justifica qualquer causa. A guerra e a coragem têm feitos mais grandiosos que o amor ao próximo”. Finalmente, havia a profecia de Nietzsche de que surgiria uma elite que governaria o mundo e da qual se elevaria o super-homem. Em Vontade de potência, consigna: “Uma raça destemida e dirigente está se criando (…). O objetivo será preparar uma transposição de valores por uma espécie de homem particularmente forte, a mais altamente dotada de inteligência e de vontade. Este homem, e a elite em torno dele, se converterão nos ‘senhores da terra’”. Não resta dúvida de que, no fundo, Hitler se considera o super-homem da profecia de Nietzsche.

Diante disso, é preciso repensar na importância e peso que se dá até hoje ao pensamento de Nietzsche. O nazismo passou, mas alguns dos seus fundamentos filosóficos permanecem sustentando a mentalidade e a cultura contemporânea, e que talvez explique, em grande parte, a raiz dos males da nossa civilização, como a exacerbação da violência, a eugenia, manifestada atualmente na defesa do aborto de seres humanos vistos como “inviáveis”, o desaparecimento das ações caritativas, da justiça e da virtude pessoal, aniquilados pelo individualismo e pelo darwinismo social, etc.

Sem dúvida, o mundo de hoje tem tecnologia e velocidade, só falta esclarecer para onde estamos indo (e acelerando!)?.

A VOVÓZELA

26 de junho de 2010

Quando estava lendo o jornal O Globo de domingo, dia 20 de junho, deparei-me com a imagem abaixo na Página Logo, de autoria do sociólogo Bruno Liberati, que penso representa muito bem a nossa “Vovózela” de hoje. Liberati construiu a gênese da nossa heroína a partir da década de 60, quando bebeu das águas da contracultura e da ideologia marxista. Assim a nossa jovem “questionou o sistema e queimou o sutiã”; “-Nos anos 70 viajei”, continua ela, referindo-se a suas experiências com as drogas; “-Nos anos 80 minhas utopias foram para o buraco”, ou seja, a derrocada do comunismo. Penso que a sociedade atual é o fruto do que foi semeado nesse período de 20 a 30 anos. Trata-se da ruptura com a tradição e da ascensão e queda das utopias, capitaneadas pelo comunismo, cuja meta maior era destruir o sistema anterior e o seu conjunto de valores, eis que baseados numa infra  estrutura capitalista e opressora. Resultado: os valores ruíram e, pouco tempo depois, desabou o ideal socialista. Resta agora, mais forte do que nunca, justamente o que fora combatido: o burguês em estado puro. Ou seja, “-Enquanto isso…a globalização rolou solta quebrando tudo – o neoliberalismo criou o deus mercado – a mídia tomou conta do espaço público e a vida virou um ‘irreality show’do espetáculo do consumo”. A sociedade atual é devota do deus Baco, da violência, das drogas, da “grana na cueca”, do “serlular” etc. É imperioso o resgate da ética dos valores e das virtudes, sob pena de nos devorarmos uns aos outros. Sobre o mundo após a crise das utopias, recomendo vivamente um artigo publicado na revista Dicta&Contradicta, do filósofo  Massimo Borghesi.

A história da Vovózela

Conservador vs Liberal

4 de junho de 2010

Certa feita, em uma discussão de tese jurídica no trabalho, defendi um posicionamento que, posteriormente, foi taxado de “conservador” por meus colegas. Fiquei com a pulga atrás da orelha (mas, se procurei apenas justificar racionalmente a tese que defendida…). Comecei a notar, a partir de então, quão relativa e tendenciosa é a classificação que se faz de que algo é “conservador” ou “liberal”.

Geralmente, quando se chama alguém de conservador, quer se dar a conotação pejorativa de uma pessoa retrógrada e ultrapassada, que resiste aos “novos tempos” e a “nova mentalidade”. Por outro lado, o liberal é alguém “prafrentex” que desbarata tabús em prol do progresso da humanidade.

Não sei se isso tem haver com os anos 60, Woodstock e o movimento hippie, cujos arautos proclamavam o “é proibido proibir” e propugnavam uma completa reviravolta nos costumes e valores da sociedade. Certo é que estamos colhendo os frutos desta mentalidade: o mundo moderno é um lugar medonho, violento, individualista e hedonista.

Mas não pretendo aqui dizer como um amigo, que afirma ter nascido na época errada (segundo ele, com 200 anos de atraso), ou falar como certas vovós saudosistas (“-Esse mundo está de pernas para o ar! No meu tempo é que era bom!). Sem sombra de dúvida o mundo evoluiu em diversos aspectos, como no progresso das ciências e da tecnologia; no reconhecimento praticamente universal dos direitos humanos etc. Mas não se deve rechaçar o passado, ou antigas tradições e valores, pelo simples fato de ser “velho” e refletir uma mentalidade “conservadora”.

Devemos, sim, fazer um acolhimento racional daquilo que é tradicional, aprimorando-o com as conquistas dos tempos atuais através do filtro da verdade e da razão.

Étienne Gilson diz que  “há um problema ético na raiz das nossas dificuldades filosóficas; nós homens somos muitos voltados a buscar a verdade, mas reticentes em aceitá-la. Não gostamos que a evidência racional nos encurrale, e inclusive quando a verdade está aí, na sua impessoal e  imperiosa objetividade, continua de pé a nossa maior dificuldade: para mim, submeter-me a ela, apesar de não ser exclusivamente minha […]. Os maiores filósofos são aqueles que não titubeiam na presença da verdade, mas lhes dão as boas vindas com estas simples palavras: Sim, amém” (A filosofia na idade média São Paulo. Martins Fontes, 1998).

Não se trata, assim, de ser “conservador” ou “liberal”. Devemos ser filósofos, no sentido pleno da palavra, ou seja, amigos da sabedoria, e portanto, da verdade, mesmo que ela tenha sido desvendada por medievais ou pelas vovós saudosistas.