NIETZSCHE E O NAZISMO

Nas férias, um dos meus entretenimentos prediletos tem sido a leitura do Ascensão e Queda do Terceiro Reich, de William  L. Shirer, jornalista e testemunha ocular dos antecedentes e da própria Segunda Guerra Mundial. O capítulo que mais me  chamou a atenção até agora é o relativo as raízes intelectuais do Terceiro Reich, especialmente sobre a influência do pensamento do tão festejado Nietzsche.

Os escritores nazistas jamais se cansavam de louvá-lo. Hitler visitava com freqüência o museu de Nietzsche, em Weimar, e fazia pública a sua admiração pelo filósofo, posando para os fotógrafos em atitude de êxtase diante do busto do grande homem.

Qualquer nazista poderia citá-lo na exposição de quase todos os temas imagináveis. Do cristianismo, por exemplo, Nietzsche dizia ser uma “terrível maldição, desmedida e profunda perversão”. E exaltava o super-homem, animal de rapina, “o magnífico bruto alourado, agressivamente sequioso de saque e vitória”. Em Assim falava Zaratustra bradava o filósofo: “Não vos aconselho a paz, mas a vitória. (…)Dizeis que a boa causa justifica até mesmo a guerra? Eu vos digo: a boa guerra é que justifica qualquer causa. A guerra e a coragem têm feitos mais grandiosos que o amor ao próximo”. Finalmente, havia a profecia de Nietzsche de que surgiria uma elite que governaria o mundo e da qual se elevaria o super-homem. Em Vontade de potência, consigna: “Uma raça destemida e dirigente está se criando (…). O objetivo será preparar uma transposição de valores por uma espécie de homem particularmente forte, a mais altamente dotada de inteligência e de vontade. Este homem, e a elite em torno dele, se converterão nos ‘senhores da terra’”. Não resta dúvida de que, no fundo, Hitler se considera o super-homem da profecia de Nietzsche.

Diante disso, é preciso repensar na importância e peso que se dá até hoje ao pensamento de Nietzsche. O nazismo passou, mas alguns dos seus fundamentos filosóficos permanecem sustentando a mentalidade e a cultura contemporânea, e que talvez explique, em grande parte, a raiz dos males da nossa civilização, como a exacerbação da violência, a eugenia, manifestada atualmente na defesa do aborto de seres humanos vistos como “inviáveis”, o desaparecimento das ações caritativas, da justiça e da virtude pessoal, aniquilados pelo individualismo e pelo darwinismo social, etc.

Sem dúvida, o mundo de hoje tem tecnologia e velocidade, só falta esclarecer para onde estamos indo (e acelerando!)?.

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2 Respostas to “NIETZSCHE E O NAZISMO”

  1. Paulo Ricardo Says:

    Nietzsche nunca quis que suas ideias virassem o nazismo, isso não tem nada a ver com os pensamentos de Nietzsche, quem lê os livros de Nietzsche sabe que isso tudo foi manipulado pela irmã dele!

  2. Valdir Says:

    ele não era nazista, mas não duvido que teria sido. Li mais de uma vez ”o crepusculo dos idolos” e o que está explícito são ideias apoiando a imoralidade(ele se autoplocama imoralista), considera uma filosofia forte e bem superior á cristã o pensamento de Manu, o hinduísta que defendia uma sociedade de castas de inferiores e superiores, defendia sociedades aristrocráticas e déspotas (ele chega a elogiar Maquiavel) como a Roma Antiga e criticava tanto o socialismo como a democracia liberal.

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